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MUNDO BOTONISTA
Doze giros

Por Erismar Gomes (02/03/2023)

A bola da 12 toques.

Olá caros amigos leitores desta coluna. É com grande prazer que iniciamos mais uma temporada, meus agradecimentos à plataforma Mundo Botonista, na pessoa do seu diretor Jeferson Carvalho, pelo convite para continuar escrevendo em 2023, algo de muita responsabilidade, mas feito com dedicação e, principalmente, com grande satisfação. Na coluna de hoje o assunto é a bola de jogo da regra 12 toques ou simplesmente a bolinha, de suma importância para a prática do esporte. Bolinha essa que nos dá tantas alegrias com nossos gols mas que  é também responsável muitas vezes por deixar nossos nervos em frangalhos. rsrs.


A nossa bola de jogo há muito tempo tem sido é causa de várias polêmicas e podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que é o calcanhar de Aquiles do esporte. Por incrível que pareça, talvez ainda não tenhamos encontrado a sonhada bolinha ideal. Ainda vivemos esta busca. Pois é meus amigos, mas não foi sempre assim. A primeira bolinha era de feltro, mas um feltro com baixa densidade, a bola não rolava tanto, era de fácil jogabilidade. Não se ouviam tantas reclamações sobre entortadas ou sobre bolinhas impraticáveis etc.


Nossos problemas começaram mais ou menos entre 1988 e 89 quando o fabricante da época não mais encontrou no mercado a matéria-prima com a mesma densidade. Só havia disponível um feltro com densidade mais alta para a fabricação das bolinhas, um feltro menos felpudo. Aí já viu, né? O caldo começou a entornar. É bom ressaltar que a fabricação das bolinhas era totalmente manual. Cortava-se o feltro em pedaços quadrados, colocava-se algumas camadas, dando um ponto de costura ao centro, colando todas as camadas. Depois disso, arredondava-se na tesoura, passando pelo acabamento na lixa e, por fim, a pintura.


Quando começamos a jogar com essa bolinha mais dura, foi notório que ela rolava bem mais e as imperfeições começaram a aparecer e com elas vieram as famosas entortadas, e muitas dores de cabeça para os botonistas. Nessa época o apaixonado pelo esporte (e incansável colaborador) Antonio Maria Della Torre, começou a também fabricar as bolinhas. O feltro, porém, mudara novamente e as bolinhas estavam tão duras que chegamos a apelidá-las de bolas Flintstones.


Vejam o tamanho da encrenca. Na mesma temporada nós jogávamos com bolinhas duras e com outras mais duras ainda. Lembro que as bolinhas de feltro tinham suas vantagens - principalmente custo e durabilidade - mas com o passar do tempo, nos torneios, as críticas foram aumentando cada vez mais. E quando eu digo críticas, meus amigos, refiro-me a manifestações nada elegantes, para dizer o mínimo. 


Muito desgostoso com isso, Della Torre passou a incumbência da produção para o Sr. Lorival de Lima, famoso fabricante de times - tão inovador que era conhecido por muitos pela alcunha de "Gepeto do botão". O artesão começou, a partir daí, a confeccionar as bolinhas. Entretanto, o problema persistia. As reclamações foram se agravando, elas caíram ainda mais de qualidade e, desde meados de 2012, era consenso que, por vários fatores, as bolinhas de feltro não eram mais viáveis para o esporte.


A pá de cal foi uma última safra com bolinhas ruins que levou a Federação Paulista de Futebol de Mesa e a CBFM a procurarem outros fabricantes. Foram testados vários protótipos até que em 2014 resolveu-se adotar a bolinha de microfibra, apresentada pelos fabricantes Antonio Carlos Ribeiro e Sergio Castilho - até hoje os fornecedores oficiais da modalidade 12 toques.


De lá para cá surgiu também a bolinha de EVA, importada da China que, até o momento, não foi aprovada para uso em competições federadas. A CBFM , pensando no futuro, teve a iniciativa de homologar os três materiais como oficiais para a regra 12 toques, o feltro, a microfibra e o EVA. Ressalto aqui que não se deve confundir materiais homologados com os adotados. Por exemplo, a bolinha de EVA, apesar de homologada, não é adotada oficialmente para as competições assim como as de feltro (atualmente). Nada impede que no futuro surja uma bolinha melhor em qualquer um desses materiais e a comunidade do futebol de mesa opte pela sua adoção nas competições.


É isso, meus amigos. Este foi um breve resumo da história de nossas bolinhas, É evidente que ela passou por um processo de evolução mas, na minha opinião, creio que ainda há margem para melhorias. Precisamos dar mais atenção a este quesito. Tenho certeza que os fabricantes de bolinhas também estão nessa busca constante para o aperfeiçoamento. A nós, praticantes, cabe a disposição de experimentar, estar aberto ao novo e pensar no esporte primeiro e depois na nossa adaptação ao chute, por exemplo.

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O corretor de seguros Erismar Ferreira Gomes, 58 é paulista, torcedor do Santos F.C, e um apaixonado pelo futebol de mesa e virtual (no video-game). No Futebol de Mesa tem um rastro indelével tanto no espectro da gestão (tendo sido diretor de departamentos em clubes importantes como Corinthians e Maria Zélia) e presidente da Federação Paulista; quanto na qualidade de atleta - onde ostenta inúmeros títulos, incluindo um bicampeonato Brasileiro por equipes e o título Brasileiro individual em 2005 (ambos na categoria masters). Erismar é uma testemunha privilegiada da história e evolução da regra 12 toques pois não apenas a viu nascer mas participou ativamente da sua história. 

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erismar@mundobotonista.com.br

(011) 99653-1317

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