Confesso que nunca fui fã dos desfiles cívicos. Sei lá, me sentia pressionado a fazer algo que não brilhava os olhos. Não curtia e pronto. Mas teve um desfile que foi diferente e, lógico, envolveu o futebol de botão.
Naquele desfile de, se não me engano, 1987, escolhi participar da ala dos alunos fardados de jogador de futebol. Juntamente com dois amigos, uma semana antes do desfile, combinamos o Torneio da Independência e o vencedor levaria seu time para desfilar junto.
Por que realizar o torneio uma semana antes do desfile? Eu explico como funcionou. A gente escolheu quatro times de cada e todos fizeram os seus torneios eliminatórios em suas respectivas casas. O time campeão de cada jogador iria para o triangular final no dia 6 de setembro, véspera do desfile.
No dia 6, na parte da tarde (estudávamos de manhã), jogamos o triangular em turno e returno e acabei sendo o vencedor. Com muito orgulho seria eu quem ostentaria o time campeão no desfile. Ah, o meu time era o Vasco.
Decidi que levaria o meu Vasco em um saco plástico transparente, para que cada um que perguntasse soubesse que aquele era o grande campeão do Torneio da Independência. Mas havia um porém: como convencer a professora da classe em autorizar o desfile do campeão?
No dia seguinte lá estava eu com meu Vasco dentro do saco plástico. Antes de iniciar o evento os detalhes finais eram organizados: fila, você aqui, ele ali, e assim por diante. Quando a professora me viu fardado de jogador e segurando um time de botão na mão, perguntou o que significava aquilo. Contei, ela riu, e autorizou. Naquele momento eu era a pessoa mais feliz do mundo.
Reforçando o que citei lá no começo: nunca gostei de desfile cívico, mas aquele se tornou especial devido ao meu título. Lembro inclusive que durante a semana, para tentar me deixar menos estressado com a obrigatoriedade de desfilar, minha mãe inventou que o Governador viria à nossa cidade. Eu nem sabia “o que era” um Governador, mas queria vencer para poder mostrar meu time a ele.
O Governador acabou não vindo (né, mãe?), mas tudo valeu a pena. Sem problemas, até por que ele deveria ser torcedor do Grêmio ou do Inter. Aliás, acredito até hoje que ele não daria muita importância para o título do meu Vascão.