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MUNDO BOTONISTA
Por Chico Júnior (07/09/2020)

O dia em que tive mais sorte que juízo.

Durante alguns anos toquei a escolinha do Círculo Militar. Essa era uma tarefa que me alegrava demais, todo sábado pela manhã abria a sala e recebia a criançada. Entre os alunos, um me chamava a atenção, Vitinho. Ele nunca faltava, era sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Como o garoto gostava e estávamos montando uma equipe juvenil, eu o chamei para se federar e treinar nos dias de semana com a nossa equipe.

O campeonato era disputado em etapas e a primeira seria realizada em nossa sede. Chamei o garoto para jogar, dei a ele o uniforme, vocês não imaginam a felicidade do garoto em apenas se trocar, era para ele com certeza um dia especial, e seria ainda mais. Passamos sem problemas pela semifinal e na final enfrentamos o Corinthians, um time mais qualificado e experiente. 

Mesmo esperando muita dificuldade, queria muito colocar o Vitinho para jogar, mesmo sabendo que ele não estava pronto. As rodadas foram se desenrolando e estávamos encaminhando a nossa vitória e por consequência o título da etapa. Como o título se encaminhava, olhei para o garoto e comuniquei que ele entraria na última rodada. Ele prontamente começou a encerar seu time. 

Só que eu fiz as contas erradas, quando acabou a terceira rodada nós ainda não éramos campeões. Estávamos com 12 pontos à frente, mas se perdêssemos de 12 o título iria para o saldo, até então 10 para nós. Analisei a tabela, coloquei o garoto para enfrentar o botonista menos experiente, apenas uma tragédia nos faria perder aquela conquista.

Pouco antes do intervalo, com uma certa arrogância, fui ver como estavam nossos resultados: mesa 1, perdíamos de 3 x 0, mesa 2 , perdiamos de 4 x 1, na três estava 
1 x 0 para o adversário e na mesa 4, onde minha aposta jogava, 0 x 0. Logo na saída do segundo tempo, a mesa que perdia de 1 x 0 empatou, então fiquei mais tranquilo. 

Fui ao bar do lado da sala, pedi uma cerveja e ao voltar, quando o relógio já estava perto de tocar, notei um semblante de felicidade entre os membros da comissão técnica corinthiana. Fui passear entre as mesas, na 1, 8 x 3 pro menino do Corinthians, na 2, o pesadelo ainda maior, perdiamos por 7 x 1, ou seja, em duas mesas meu saldo já tinha ido para a casa do baralho. Na mesa 3, perdíamos de 5 x 3. Vitinho perdia de 1 x 0 e apontou uma bola extremamente torta, o chute saiu, a bola desviou em um botão, morreu mansamente dentro do gol adversário, a campainha tocou e o titulo era nosso, com gol do Vitinho.

Poxa, que felicidade! Vitinho, hoje, cresceu, continua jogando, está se formando em uma excelente Universidade e é meu amigo. Esse dia foi um dos meus dias mais felizes no futebol de mesa, quando tive mais sorte que juízo.
Francisco Junior ou simplesmente Chico, é um paulista torcedor do Fluminense, jornalista de formação, publicitário de ofício, apaixonado pelo futebol de mesa, há 12 anos atua pelo Círculo Militar de SP.  Agente do caos, Chico gosta mesmo é de contar seus causos e desenterrar aquelas histórias que muita gente, se pudesse escolher, preferiria manter bem sepultadas. É ele o responsável por dar toque de humor ao Portal Mundo Botonista toda segunda-feira.
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chico_jr@mundobotonista.com.br
(011) 94101-7908

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