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MUNDO BOTONISTA
Por Márcio Bariviera (16/08/2020)

A final do torneio da escola.

Véspera da final do campeonato de botão da escola e o pai aborda o filho quando ambos tomavam o café da manhã.
– E aí, filhão, quando é a final do torneio de botão da escola? – perguntou.
– Amanhã – respondeu o garoto.
– Puxa, nessa correria tinha até esquecido de te perguntar.
– Eu e o Serginho. Vai ser jogão.
– Aproveita e treina mais um pouco hoje à noite.
– Sem dúvida, tenho que levar esse caneco.
– E o teu camisa 11, ainda é o artilheiro?
– Sim, meu camisa 11 tá impossível. Amanhã ele vai ser o melhor em campo.
– Isso aí, filhão. Esse negócio tipo futebol de verdade, com numeração 25, 38, 77 é frescura. Tem que ser raiz, do 1 ao 11.
– Verdade. Futebol é complicado...
– Não é. São as pessoas que complicam com ele.
– É, pai... tem sentido.
– Sim, tem. E muito. Sou do tempo que o 2 marcava o 11, o 6 marcava o 7, o 5 perseguia o 10. Hoje em dia inverteu tudo. Hoje é o camisa 7 que volta atrás da linha da bola para não deixar o 6 do time adversário avançar. Coisa chata.
– Menos mal que no botão não tem isso...
– Amanhã faz o seguinte: ao acordar, levante e pise primeiro com o pé esquerdo.
– Por quê, pai?
– Para dar sorte.
– Mas não seria o contrário?
– Filho, teu melhor jogador não é o camisa 11? Então sincroniza nisso.
– Beleza, farei isso.
                Chega o dia da grande final e o garoto perde. À noite o pai chega em casa e a primeira coisa que faz é perguntar ao filho como foi o jogo.
– E então, filho?
– Bah, pai, perdi. Tomei 3 a 0. Deu tudo errado.
– E teu camisa 11?
– Não viu a cor da bola.
– Como precisei sair mais cedo e não tomamos o café da manhã juntos, deixa eu te perguntar: levantou da cama pisando com o pé esquerdo como te sugeri?
– Decidi seguir o que estava dando certo e comecei pisando com o direito, mesmo.
– Sem problemas, filho. Na próxima vai dar. Saber perder é do jogo, também.
– Faz parte, paizão.
– Só sugeri porque teu melhor jogador é canhoto.
– Não é.
– Como assim?
– É um ponteiro invertido. Meu camisa 11 é destro.
– Vixi... Só agora que você me fala isso?
– É como você falou, pai. Nem o futebol de verdade e nem o de botão são complicados. É a gente que complica...

O gaúcho de Rodeio Bonito, Marcio Bariviera é gerente administrativo do União Frederiquense, clube que disputa a Série A2 do Gauchão, além de assinar uma coluna semanal no jornal O Alto Uruguai, de Frederico Westphalen-RS. Rock e futebol de botão são duas paixões desde a infância (e se puder dar palhetadas ouvindo Led Zeppelin fica time completo).

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marcio_bariviera@mundobotonista.com.br
(055) 99988-6612

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