Painel do Mundo

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MUNDO BOTONISTA
Por Márcio Bariviera (27/09/2020)

Sem número.


Tenho um amigo de infância, o Nelsinho, que naqueles bons e velhos tempos jogou botão com a gente por dois ou três anos. Foi um período muito curto, mas ele deixou uma história inusitada, a qual vou citar abaixo.
 
O Nelsinho tinha a característica de não numerar os seus jogadores. Todos nós numerávamos os botões, fosse com caneta, fosse recortando números de calendários e depois colando, enfim. Porém, o Nelsinho não. Coisa dele, paciência.
 
Para ele não importava se na partida seguinte o centroavante virasse lateral direito, se o volante fosse o melhor em campo como um ponta direita e muito menos se o zagueiro do nada se transformasse no camisa 10 (obviamente um 10 não numerado, se é que me faço entender).
 
A gente insistia para que ele colocasse numeração nos seus jogadores, tentando convencê-lo de que todos faziam aquilo. “Quase todos”, era a pronta resposta. Inventamos até de criar um torneio onde era obrigatória a numeração para que finalmente pudéssemos vencer aquela sadia queda de braço. “Fico de fora”, era sua decisão. Enfim, acabamos desistindo.
 
O Nelsinho justificava que do meio para trás os botões só participavam mais ativamente dos jogos quando os atacantes adversários errassem. Portanto, ele considerava mais justo deixar seus times sem numeração para, segundo sua análise, todos terem as mesmas oportunidades em campo.
 
Ainda na infância o Nelsinho acabou indo embora de nossa cidade devido a uma transferência de trabalho de seu pai. Porém, no final do ano passado ele veio passar as festas de final de ano por aqui e, lógico, nos encontramos para colocar a conversa em dia.
 
Entre tantos assuntos, o futebol de botão entrou automaticamente na pauta. Nelsinho falou que nunca mais jogou botão, mas que lembrava sobre o fato de não numerar seus jogadores. E foi bem enfático em dizer que faria tudo de novo. Mas por quê?, foi minha pergunta. A resposta foi seca e engraçada: “No futebol de botão, quem nasceu para ser João também merece a chance de ser Garrincha”. Rimos, encerramos o assunto e tomamos o rumo do barzinho.

O gaúcho de Rodeio Bonito, Marcio Bariviera é gerente administrativo do União Frederiquense, clube que disputa a Série A2 do Gauchão, além de assinar uma coluna semanal no jornal O Alto Uruguai, de Frederico Westphalen-RS. Rock e futebol de botão são duas paixões desde a infância (e se puder dar palhetadas ouvindo Led Zeppelin fica time completo).

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marcio_bariviera@mundobotonista.com.br
(055) 99988-6612

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Luke de Held, 57 anos, nascido em Londrina é botonista, guitarrista apaixonado por Rock n Roll, Blues e Beatles. Promotor de Justiça no Paraná, pai do Álamo, da Sofia e da Ana, marido da Vivi, filho da Dona Leonice e do Seu Lucilio. Este paranaense, aparixonado pelos esportes, praticou vários deles, sempre com excelente desempenho e muito foco: Faixa preta de Jiu-jitsu, foi medalhista de bronze no Mundial CBJJE 2009 e campeão Sul-Americano Master 2012 da modalidade. No atletismo sagrou-se tetracampeão paranaense, vice campeão Brasileiro, recordista juvenil e Jr. dos 400m rasos nos anos 80. Torcedor ferrenho do Londrina Esporte Clube, tem como meta ser campeão brasileiro de futebol de mesa, o esporte ao qual se dedica atualmente.
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