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Planeta Dadinho

Por Daniel Matos (21/06/2021)

Botões do pós-guerra.  

Tunbridge Wells, Inglaterra. O ano: 1946. Os bretões lentamente emergem dos escombros da Segunda Guerra. Peter Adolph, veterano da RAF, tentava se readaptar à realidade civil. Um adepto ferrenho da ornitologia e do futebol, Adolph se inspirou em um jogo de Liverpool, criado por certo William Keeling denominado Newfooty (que não tinha sido um enorme sucesso) para criar seu próprio jogo de futebol.


Ao contrário das bases de Keeling que eram feitas à base de chumbo e planas, Adolph criou um protótipo de base bem leve com um peso central. O propósito era que as novas bases fossem capazes de chutar bem a bola e que pudessem ser capazes de dribles das figuras adversárias.


Adolph postou um anúncio de seu produto na revista “Boy´s Own”, sem ter uma única unidade fabricada e viajou para os Estados Unidos em uma viagem de negócios. Durante a viagem, ele recebeu um telegrama de sua mãe, o qual dizia que, durante sua ausência, já tinha recebido encomendas no valor total de 4000 libras esterlinas (equivalente a 170.000 libras hoje). Ele regressou em breve e começou a manufatura em Langton Green, Kent.


Os tempos eram de racionamento e recuperação econômica. Os recursos eram escassos e a criatividade precisava imperar. A necessidade é a mãe da invenção e Adolph lançou um produto com recursos até bem modestos para a época. Uma bola de celuloide marrom, dois folhetos com jogadores de cartolina, duas bases em T para os goleiros, duas balizas feitas de metal e redes feitas de papel, vinte bases e um pedaço de giz. 


Assim como o primeiro brasileiro que pensou em desenvolver um jogo a partir de botões de roupas, Adolph criou suas primeiras bases a partir de botões de roupas adquiridos na famosa loja de departamentos Woolworth´s. Arruelas compradas em lojas de ferragens completavam as bases patenteadas por Adolph.


E o giz? Bem, o giz era fornecido justamente para fazer a demarcação dos campos. Como tecidos em grandes quantidades eram escassos, a opção foi por sugerir que os campos fossem demarcados em cobertores de baeta, presentes em todos os lares em virtude da Segunda Guerra Mundial.


E foi assim, da simplicidade e da inventividade que surgiu o mais difundido jogo de futebol de mesa no mundo. O resto é história para outra hora. 



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Daniel Matos nascido e criado na capital federal é médico cirurgião nas horas vagas e jogador de Subbuteo no resto do tempo. Atuou durante muito tempo por sua equipe do coração, Vasco da Gama, pela qual pode ganhar diversos títulos nacionais e Internacionais. Já teve o privilégio de defender o Brasil em campos nacionais e internacionais.

E no tempo que sobra, é diretor técnico da CBFM para a modalidade além de vice-presidente da FISTF (Federação que dirige o Subbuteo) para a América do Sul.

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danimatos@mundobotonista.com.br


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