Painel do Mundo
Apesar de incertezas, expectativas conflitantes e diferentes decisões, federações estaduais mantêm otimismo.
O jornalista e cronista esportivo Milton Neves é autor de várias frases famosas, uma delas é: “o futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes”. Mas será que esta serviria também para o futebol de mesa? Os presidentes das federações ouvidos pelo Mundo Botonista estão tentando lidar como podem com as tabelas, calendários, uso de salas, negociações com secretarias de esporte e rankings.
É interessante como o futebol de mesa imita a vida. A Covid-19 está impondo os mesmos desafios para cada estado do país. Porém, há alguns mais afetados, outros menos, mas nem por isso alguém se arrisca a planejar o futuro a curto prazo em qualquer atividade. E o futebol de mesa está na mesma. Uns estados acham que voltam no começo do segundo semestre, outros já pensam em 2021.
Os presidentes ouvidos pela reportagem foram dos estados de Rio Grande Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Ceará e Amazonas. Leia abaixo:
Expectativas sobre as atividades do esporte em cada estado
O Covid 19 chegou rapidamente. E no começo do calendário de competições. Alguns estados nem tinham começado os jogos oficiais. Em São Paulo, por exemplo, o primeiro torneio aberto foi cancelado um dia antes da sua realização e houve apenas duas rodadas do torneio interclubes, assim como no Ceará, que teve também duas, das 10 etapas individuais realizadas.
Todas as competições, claro, estão adiadas. Mas se o período de recolhimento se estender, podem ser canceladas. Mas alguns planos de melhorias continuam e só esperam o sinal verde das autoridades. “No início do ano acertamos projetos para angariar novos adeptos, principalmente em escolas carentes por meio de projetos sociais, apresentação e divulgação em shopping centers. Assim que possível, com o fim dessa pandemia, colocaremos tudo isso em prática”, diz Paulo Cesar, o Paulinho, presidente da federação parananense.
Christofer Pereira, à frente do esporte no Rio de janeiro, levanta uma questão interessante. “Uma coisa é o esporte voltar. Outra são os atletas quererem voltar. Vamos acompanhando as notícias e alinharemos todos os passos com os clubes oportunamente”.
Os catarinenses, por meio do seu presidente, Sergio Eduardo de Souza Santos, o Dudu Carioca, têm a posição mais clara entre todas as federações contatadas pelo MB. “No atual momento espero que todos tenham bom senso. Temos muitos atletas na faixa acima dos 50 anos. Já tenho uma normativa interna com a possibilidade real de não termos nenhuma competição oficial em 2020. Essa é a minha opinião em particular, independente das que iremos tomar em votação”, explica.
No Amazonas, um dos estados mais afetados até agora pela Pandemia (até o dia 11 de maio), lamenta por um ano que prometia ser inesquecível. “2020 seria um ano só de felicidades – eventos grandes em nível nacional na Arena Amazônia com presença do secretário de esportes, CBFM e tudo o mais. Estávamos muito animados”, diz Winnetou Almeida, presidente da Federação Amazonense.
Como condensar as atividades de um ano inteiro em poucos meses?
O pessoal de Pernambuco, no que depender do presidente da federação local, já tem indicação de alguns possíveis caminhos. “Deveremos ter etapas individuais, talvez não todas. Assim, o campeão estadual sairá com menos etapas. No pior dos casos, podemos declarar campeões quem chegou à frente da primeira etapa”, esclarece Eder Sergio.
“Dentro das possibilidades, não haverá condensação, faremos o que for possível para atender da melhor forma”, diz José Jorge Farah, presidente da Federação Paulista.
Já para os gaúchos representados por Luis Lima, a palavra-chave é prioridade. “Não conseguiremos realizar todas as competições”.
Marcos Alves, presidente da Federação de Futebol de Mesa do Ceará (FUTMECE), mantém os planos em aberto. “Não decidimos ainda se diminuiremos a quantidade de etapas ou mesmo se entraremos em 2021 para concluí-las”.
E o ranking estadual?
Como qualquer atleta, independente de sua atividade, a competitividade está no sangue. E o que mais representa “esta sangria” é o ranking individual. Quer ver quem é o melhor do Paraná, de São Paulo ou do Amazonas? Veja o ranking.
E justamente o detalhe mais sensível que destaca os melhores não é lá tão unânime.
Eduardo Stieval, mandatário de Minas Gerais, mantém em aberto como será entre os mineiros. “Realizamos uma etapa este ano em fevereiro. É nosso parâmetro para 2020. E temos o ranking de 2019”.
O ranking de São Paulo está congelado. Quanto a Goiás, ainda não há uma definição clara. “Talvez façamos uma mescla do ano de 2019 e 2020”, diz Murilo Alves, presidente da Federação Goiana.
Ceará computará para o ranking as etapas realizadas em 2020 normalmente.
Luis Lima, do RS, mostra-se preocupado com eventuais injustiças, sem uma decisão clara ainda. “Os rankings (individuais e por equipes) são construídos com princípios claros que premiam pela regularidade e pluralidade de categorias. Não queremos prejudicar ninguém”.
Já para os pernambucanos, o ranking está mantido. “Todos achamos que ainda jogaremos este ano”, diz Éder Sergio.
Torneios por equipes
A fórmula de disputa varia muito de estado para estado, assim como a tradição dos torneios por equipes. A maioria das federações realizam as competições entre clubes em poucas datas ao longo do ano. A única exceção, neste sentido, é São Paulo, que após ter realizado duas etapas, tentará dar continuidade ao torneio a partir de julho. Os demais estados, em sua maioria, terão as datas remanejadas e ainda mantêm esperanças de realizar campeonatos entre seus clubes.
E os presidentes das Federações, como estão? O mais importante. Com saúde.
Winnetou Almeida
Winnetou é repórter fotográfico do maior jornal do Amazonas, a Crítica. Trabalha em semanas intercaladas e é daqueles que está na “linha de frente”. A esposa atua no distrito industrial e também está trabalhando normalmente.
Marcos Alves
Marcos trabalha com serviço essencial e segue todas as recomendações ao sair e voltar para casa. Não visita familiares e amigos.
Murilo Alves
Murilo, engenheiro civil, é outro que segue com sua atividade profissional
Eduardo Stieval
Como cirurgião Dentista, Eduardo segue atuando e tomando os devidos cuidados no exercício da profissão. “Este período de reclusão nos fez refletir e passamos a valorizar as menores coisas. Esta retomada aos princípios vem de mãos dadas com a valorização familiar”.
Eder Sérgio
Eder tem alguns negócios, como construção e planos de capitalização. “A sorte é que terminamos uma obra recentemente. Teríamos um grande para começar, mas tivemos que adiar”. Recentemente o líder do futebol de mesa em Pernambuco fez uma operação no tendão e esporão do pé direito. O único momento em que sai de casa é para fazer as sessões de fisioterapia “com todos os cuidados necessários”.
Paulo César Pareira
Paulinho é daquelas artistas da cozinha. “Sou chef de cozinha em um restaurante aqui em Londrina e também atuo como “personal chef”, realizando festas e jantares na residência dos clientes. Com o delivery conseguimos manter o restaurante funcionando, mas os eventos pararam”.
Christofer Barres Pereira
O fisioterapeuta Christopher, apesar das dificuldades, mantém o otimismo e a fé em melhores dias. “Profissionalmente perdi metade dos meus ganhos, período difícil. Dinheiro não é tudo na vida. Tenho de proteger a minha família, filha, sogra e esposa, que também está sem trabalhar. Eu mesmo tenho de me cuidar, por ser diabético”.
Luis Lima
Como todos, está preocupado com o atual momento e não vê a hora da convivência com os amigos botonistas voltar logo. “Precisamos administrar a ansiedade e aproveitar a metade cheia do copo”.
Sergio Eduardo de Souza Santos
De todos os presidentes, Dudu foi um dos mais afetados profissionalmente. “Trabalho com Turismo e acredito ser um ano que irá passar completamente em branco para nós”.
José Jorge Farah
“Estou como todos, sem paciência, vendo os negócios se deteriorarem e com uma perspectiva de futuro muito complicado”, diz Farah. Quanto à saúde do nosso também vice-presidente 12 Toques da CBFM, “tudo tranquilo, graças a Deus”.